Prego: Objeto de corpo cilíndrico com uma das extremidades pontiaguda e outra achatada, facilitando assim, o uso da ferramenta (martelo), com golpes precisos e fortes, finca o objeto no material desejado.
Ouvi um amigo dizer:
_Prego que se destaca é martelada na certa, fica esperta!
Respondi de imediato:
_Fique calmo amigo, talvez eu não seja o prego, ainda que for em alguma hora, quem me bater pode não ser martelo.
Passado tempos, tornei a reencontrá-lo, dessa vez trazia em seu semblante um ar derrotado. Corri cumprimentá-lo, porém se desviou e disse:
_Passei tempos te observando, imaginado quando estava de martelo e quando se tornava prego. Quando sentia que era martelo corria, tinha medo de ser pregado, logo que percebia que já estava de prego, me animava, agora a martelada será certeira...
O interrompi e quis saber:
_O por que de me martelar, mais, como não conseguiu?
E como se fosse um pesado fardo responde ele:
_Me vinha na cabeça suas palavras a me torturar, "fique calmo amigo, talvez eu não seja o prego...", "quem me bater pode não ser martelo", e eu nessa confusão, fui deixando as chances passar e, nossa, olha você agora, ainda mais esplendorosa. Enquanto eu, hum, decai num buraco sem fim, perdi orgulho, vivacidade e a moral. Enfim, você segue feliz, e vejo que isso será até o fim de seu dias.
Naquele exato momento confesso que perdi a ternura, quase a compostura! Mas logo voltei em mim, e antes de nunca mais tornar a vê-lo desabafei:
_Saiba você meu algos, foi o meu maior defensor, pois saiu de tua boca as intenções do mal que existia, e na minha inocência e boa-fé, respondi as palavras que te perturbaram, sem saber estar lançando contra ti, o seu próprio veneno. Vá! Segue levando no lombo o peso do fracasso humano, pior que perdas matérias, é sem duvida a perda do amor. Este sentimento que nos dá calor, fazendo pulsar nossos corações para buscar em nossa jornada as alegrias de se viver com plenitude, somando amigos, entrelaçando as famílias, semeando os bons feitos. Tudo isso e muito mais, são tesouros raríssimos que não se guarda em baú, quem os têm distribui, e como encanto, lhes são acrescentados mais. Tenha certeza, mesmo o destino me levando antes, ouvirás falar de mim, porque fazer o bem sem olhar a quem se tem outra recompensa, o dom de ser imortal.
Desfragmento Papiro séc. XXI n. 53
(Beatriz CC Galvão)
